A morte que se diz não é o fim. É a presença e relevância na vida das pessoas. No início da TV, era pelo rádio que as pessoas se informavam, se entretinham e tudo mais. A TV se popularizou e não acabou com o rádio, apenas se tornou menos relevante e útil.
Na minha infância, nos anos 90 as pessoas ouviam radio para ouvir músicas que gostavam e ainda tinha o informativo, mas quando a internet saiu da mão da elite, para a maioria o rádio se tornou inútil. Para minha geração, quem tirou a relevância do rádio foi a internet. Nem a MTV afetou as rádios na para quem só ouvia música.
A TV linear para dramaturgia a cada dia perde relevância. Filmes e séries já são considerados produtos não atrativos, por exemplo. A Globo está com uma novela muito popular atualmente, que é pantanal, está dando uma audiência alta para agora, mas 30 pontos no IBOPE há pouco mais de uma década atrás era audiência que malhação conseguia. Fenômeno era novela que dava 50/60 pontos. Não há dúvida que mesmo com um conteúdo tão tradicional, as pessoas estão vendo fora do horário. Pq as pessoas falam muito dessa novela.
A TV para o jornalismo e esportes ao vivo não vai acabar. Ainda que o jornalismo esteja passando por uma crise com as notícias geradas na internet com essa geração negacionista. E para mim o ponto preocupante é justamente esse movimento, de sair do jornalismo tradicional, para o mundo do tudo pode que é a internet. Ainda que os grandes conglomerados de mídia não sejam 100% confiaveis, que eles não versem com a realidade dos trabalhadores, apesar de seus defeitos e problemáticas, não se espera a negação da ciência deles.
Gosto e admiro sua preocupação referente ao que você chama de jornalismo tradicional. E aplaudo seu apreço pela ciência. Antes todo mundo tivesse essa inteligênica. E que ótimo seria se as pessoas entendessem que é exatamente porque é fácil "achar tudo na internet", que você precisa pegar a informação de uma fonte confiável e credível, pois na internet você acha até o que não deveria achar: fake news aos montes. Mas serve de alento o fato de que jornalismo não vai acabar nunca e os veículos em que se podem confiar já estão fazendo bom trabalho ao sair do jornalismo estático, e oferecendo na internet produtos que mesclam artigos escritos, videos, audios, etc. Então fique ciente de que quem seguir pela linha do negacionismo, assim faz por ignorância - muitas vezes por pura escolha, o que demonstra burrice mesmo.
Agora, sobre "morte do rádio", acho que você precisa revisitar o tópico. O rádio só estaria morto se não gerasse mais receita, algo que não acontece no presente. Dizer que a televisão fez o rádio menos relevante é questão de ótica pois até nos dias de hoje, mesmo com Spotify, ainda se medem o topo das paradas baseados também nas mais tocadas no rádio. E a televisão nunca fez o rádio menos útil. Alguém aqui assiste TV dirigindo? Não. Pois aí está um lugar onde o rádio segue firme e forte. E tem um monte de gente que ouve rádio através dos apps oficiais de cada estação/empresa. E muitas rádios passaram a também exibir transmissões em video de suas redações/estúdios, que vão ao ar através de streaming ou mesmo em canais de TV. Acho porém que, se está havendo alguma morte no mundo do rádio, seria das pequenas estações que estão sendo compradas por cadeias nacionais e deixam de emitir produções locais para retransmitir algo que vem das capitais. Mas isso é uma outra conversa. Ah, mas só um adendo: eleições municipais, em cidadezinhas que não tem suas próprias emissoras de TV, ainda tem sua contagem de votos divulgadas através de estações de radios locais, mesmo com o site do TRE dando o resultado e contagem em tempo real. Um radialista divulgando números faz com que ouvintes se sintam parte do todo, ao passo que clicar no botão atualizar do navegador faz com que a pessoa sinta que está ali sozinha. A experiência em consumir informação também faz a diferença nos hábitos das pessoas.
Você também compara um pouco de alho com bugalho: a MTV nunca poderia fazer frente ao rádio pois a proposta era outra. Você ouve rádio, vc assiste TV. A MTV sempre foi pensada até então para exibir música, ou seja, a imagem da música. Mas o YouTube matou aquela MTV dos anos 90 com certeza, tanto que hoje em dia é algo totalmente diferente embora videoclipes ainda permeiem sua programação. Já o rádio não foi morto pelo YouTube: ele agora pode transmitir imagem de seu estúdio ao vivo nele
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. Na minha opinião, se algum veículo tirou a relevância do rádio para a nossa geração, afinal eu também era criança nos anos 90, foi mais a TV do que a internet. Acho que nós millennials vamos sempre preferir ver a notícia do que escutá-la. E não lembro de internet ter sido algo de elites: as pessoa que acessavam na minha escola eram classe média. Sim, é um fato que nem todo mundo tinha, mas não era uma coisa que só ricaço podia ter. Embora eu fosse criança quando colocaram internet na minha casa, a internet era mais livre, e parecia uma caça ao tesouro sendo que você precisava sair por ali caçando, garimpando as coisas, usando outros guias para descobrir bons sites, ou se aventurando no Altavista. Claro que era necessário um telefone, e muitos nem tinham linha em casa, quanto mais computador, mas lembro de meu pai contando de muita gente que achava internet "coisa estranha", de nerd ou bitolado, e muitos empresários riam da ideia de ganhar dinheiro na internet. Até que tudo mudou, e mesmo com o estouro da bolha dotcom, temos agora a palhaçada que está aqui pra gente lidar: sempre um conglomerado tentando "enfiar" formas de "pedágio" na internet.
Sobre o IBOPE de novelas, o que tem que se levar em consideração é que os números do streaming não estão sendo contados, e você mesmo já observou que a novela está sendo vista fora de horário. Mas isso não vai matar a TV. Televisão com hora marcada pra programa gravado só faz sentido pra quem quer muito ver uma estreia, algo novo. Tem que se levar em consideração que muitas pessoas ainda fazem isso... é uma questão de cultura. Nos EUA o IBOPE de lá sai no dia seguinte, e 7 dias mais tarde são adicionados os números de DVR e streaming. As emissoras brasileiras deveriam buscar o mesmo, mas quando levamos em consideração que só a Globo tem seu próprio streaming, soa a bobagem. Porém para o mercado publicitário seria excelente. E é aí exatamente que vejo uma oportunidade para as empresas que discutimos aqui diariamente: Vivo, Claro, etc... se oferecessem TODA a sua programação com recurso replay e DVR, armadas desses números poderiam informar IBOPE, o que seria revelador. Isso sim faria a diferença no mercado de anúncios televisivos que os canais que elas carregam tanto perseguem.