Nos final dos anos 80 e início dos anos 90, aqui na região metropolitana de Curitiba, eu costumava ouvir as rádios FM de São Paulo nos dias de propagação, normalmente no outono. Ouvia muito a Jovem Pan 2, chamada assim na época, antes de virar rede, usando esse mesmo nome por algum tempo depois que se tornou rede. E também ouvia a Transamérica, 89 FM e os últimos tempos da Bandeirantes FM e Record FM. Eram as que pegavam melhor. Eu amava isso. À noite, costumava ouvir a Bandeirantes AM, que chegava bem, e até hoje ainda chega, e a Jovem Pan AM, que tinha interferência aqui por causa da, hoje, Paraná Educativa AM, ou Educativa AM, como queiram. Sempre gostei de rádio e ficava fascinado em acompanhar rádios de outras regiões. Sonhava que as emissoras de rádios poderosas se tornassem redes, assim como era a TV. Isso se tornou realidade no início dos anos 90 com a Transamérica, depois com a Cidade e, por fim, a Jovem Pan, que era a que eu mais queria. Comprei minha primeira antena parabólica para ouvir rádios, mas então as rádios já estavam migrando para o sistema digital codificado. Hoje, pela internet, é possível ouvir praticamente qualquer emissora do mundo. O problema é que agora o conteúdo já não é mais o mesmo. As coisas mudaram, as pessoas estão mais estressadas, tem gente demais querendo dar pitaco e manipular as mentes, grupos querendo manipular as massas e fugindo da proposta do entretenimento pelo entretenimento, divulgação de boas músicas e da informação útil como em outros tempos. Hoje, ouvimos conteúdo cheio de ideologia de todo tipo, músicas mercantilizadas e porcarias depois de porcarias. Pouco lembra o rádio dos bons tempos e já não é mais possível ouvir as rádios de longe porque, com tanta interferência, nem com a propagação, que faz tempo que eu não consigo mais captar, tem sido fácil. Posso estar sendo saudosista, mas o rádio já foi melhor. Mesmo assim, sigo acompanhando, na esperança de que sobre alguma coisa, que alguém note que é preciso pôr o pé no freio e não misturar as coisas.