Um problema envolvendo a RBS TV e o programa Digitaliza Brasil em Piratini. E eu acho que esse problema de potência baixa é geral (pois li comentários sobre a dificuldade de captar em outros municípios que possuem sinal do DB). Por que usam 5 w e não 50? Quem decide isso?
RBS afirma que não é responsável pela ausência do seu sinal em Piratini, mas garante que vai solucionar o problema
Por
Nael Rosa
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31 de março de 2024
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Estrutura que abriga a Estação de Transmissão em Piratini, está situada no Cerro do Galdino. (Foto: Marco Antõnio Silva)
Desde que o programa do governo federal, Digitaliza Brasil, foi implantado em Piratini em agosto de 2023, substituindo assim o sinal analógico pelo digital, a população do município reclama e, também questiona, o motivo pelo qual não mais consegue assistir, principalmente, a programação da RBS TV, e, consequentemente, da Rede Globo de Televisão.
Nas redes sociais são muitas as queixas e relatos com relação à ausência do sinal que, por semanas não chega aos televisores e, quando este finalmente permite acessar o canal em questão, a qualidade das imagens é responsável por constantes críticas, a maioria delas direcionadas à Prefeitura.
Mas por que isso ocorre? De quem, de fato, é a responsabilidade? Até quando essa será a realidade da tevê aberta no município?
Atendendo ao apelo de muitas pessoas ao Jornal Tradição, fomos à busca das respostas e indagamos todas as partes envolvidas: Prefeitura, RBS e o Seja Digital.
De acordo com Márcia Cavalcanti, gerente regional do Seja Digital, instituição não governamental que coordena a nível regional a implementação do referido programa no país, eles nada mais tem a ver com essa situação, já que apenas criaram o site para instalar o sinal em Piratini, ficando, após isso, a responsabilidade para a Prefeitura, que, inclusive, tem que administrá-lo.
“Após concluirmos finalizarmos a plataforma, a Prefeitura, parceira nesta missão, recebeu de nós um treinamento onde orientamos como administrar o site, necessitando para isso, disponibilizar um técnico para realizar as devidas manutenções quando ocorrerem eventos climáticos, como raios, por exemplo, que danificam os equipamentos de transmissão. Mas cabe salientar que, isso pode ser feito em conjunto com as emissoras”, afirma Márcia, que a seguir, revela o fato que é o grande responsável pelo o problema.
“No caso da RBS, o sinal foi implantado com uma potência menor com relação aos demais canais. Isso gera menos qualidade na transmissão e, consequentemente, os tantos problemas de exibição que os moradores de Piratini estão enfrentando”.
Posição da Prefeitura de Piratini
Através de nota enviada à reportagem pela assessoria de comunicação, a Prefeitura afirmou que, a responsabilidade pelas antenas de recepção e transmissão do sinal digital, é das empresas de televisão. Ainda de acordo com o manifesto, no que diz respeito à RBS, os equipamentos serão enviados a Porto Alegre para, posteriormente, serem reinstalados no Cerro do Galdino, local onde está concentrada a estrutura que abriga a estação de distribuição, o que, garante a atual administração, vai permitir que o canal em questão seja restabelecido.
O que diz a RBS
Por fim, indagamos Aquiles Dias, engenheiro eletricista e especialista em radiodifusão, responsável pela área técnica que compreende as questões relacionadas à qualidade do sinal da RBS. Resumindo, ele acredita que o retorno ao ar do canal na cidade talvez só seja possível em maio, pois os trâmites junto à Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), para dar uma solução à situação, são burocráticos e demorados.
“Eu vou resumir: o Ministério das Comunicações já analisou e acatou o processo enviado por nós a eles e este foi devolvido à ANATEL. O próximo passo será uma consulta pública e, a seguir, aguardamos o Ato que aprova a mesma. Há ainda a necessidade de autorização para o uso da radiofrequência, pois aumentaremos de classe, também o licenciamento da estação junto à Agência e, por fim, o pagamento da Taxa de Fiscalização e Instalação, a TFI, que permite a impressão da licença”, detalhou Dias, acrescentando que, a questão relacionada à potência é um dos fatores contidos em tal processo e, tudo isso, segundo sua previsão, deverá levar no mínimo mais dois meses para que, só então, a RBS possa dar fim a atual situação.
Diante da posição da Prefeitura, Dias discordou totalmente, afirmando que os problemas foram ocasionados porque, no projeto original feito pelo Seja Digital, a potência contida no mesmo é de apenas 5 watts.
“Quem fez o projeto optou por não usar a potência máxima do transmissor que é de 50 watts. Ainda quanto a isso, se vocês da imprensa lerem o contrato que a Prefeitura assinou, irão constatar que, em parte alguma do documento, está escrito que à RBS é destinada qualquer responsabilidade”, garante o engenheiro.
De acordo com Dias, à afiliada da Globo no RS, cabe apenas o que compreende a recepção do sinal, mesmo assim, por preocupar-se e prezar pela qualidade deste em todo o estado, as providências estão sim sendo tomadas. Ao finalizar, ele observa:
“Jamais vamos deixar a Prefeitura na mão. Mas é preciso que fique claro que estamos agindo pensando na população, não que sejamos os responsáveis, tanto que, desde o surgimento dos primeiros problemas, eu estou trabalhando junto ao Seja Digital com o objetivo de encontrar soluções para esses equipamentos que vieram com muitos problemas. Estamos fazendo um esforço enorme para manter tudo funcionando, mas admito: não está sendo fácil, o que se tornará possível quando a potência passar para 50 watts”.