A propósito, falando da CNN, historicamente: ela começou em 1980 com a proposta declaramente de direita comservadora, republicana, reaganista, em oposição ao que Jimmy Carter estava implantando na época nos EUA. Com o tempo, com sua expansão internacional, tornou-se uma mídia de linha editorial globalista, similar à da EuroNews e AfricaNews, que, na verdade são uma coisa só, mas voltadas para continentes distintos. Quando Trump ameaçava voltar pra Casa Branca, surgiu a notícia de que a CNN seria comprada e seria nela retomada a política inaugural de Ted Turner (provavelmente por ter sido casado com a Jane Fonda, Turner naturalmente "evoluiu" da "política redneck" para a "política woke", tornando-se necessário para o público comservador um canal como a Fox News de Rupert Murdoch), o que aliás foi visto com bons olhos - afinal, a CNN estaria voltando aos seus primórdios, enfim.
Não existe "linha editorial independente" do tipo que dona CNN adora proclamar que é. Existe linha editorial "imparcial", ou, no jargão do povão interessado em política dos dois lados, "isentona", aquela que não poupa a barra nem de um lado nem do outro, e isso não é porque é "independente", mas porque ter esse perfil atende às exigências e expectativas de certa fatia do mercado e público consumidor. Ter esse perfil "isentão" facultou à CNN o direito a, de certa forma, agradar "gregos e troianos" até que seu Trump começou a implantar as práticas ideológicas nazifascistas na hora de "vender seu peixe" se aproveitando do duplo fracasso republicano e democrata de fazer o americano povão ter um interesse genuíno por política - fracasso esse não gratuito, uma vez que era o esperado pelas corporações, que desde sempre promovem a dependência extrema do povão a elas - por motivos óbvios. Com a retórica de Trump "anti-woke", a CNN deixou de ser a "queridinha natural da América", que se voltou cada vez mais polarizada e extremista, e para "suprir a carência do público redneck", surgiu toda uma série de "canais jornalísticos de fundo de quintal", como OANN e NewsMax, que, sendo perseguidos pelo governo Biden por serem explicitamente ultraconservadores, granjearam a popularidade e simpatia desse "público da bible belt", destronando até mesmo a Fox News, que era até então a queridinha desse público.
Sugiro que, de vez em quando, vocês assistam a essa "mídia americana de fundo de quintal" - na OANN, por exemplo, passa um comercial estrelado por Trump (ele mesmo), vendendo uma "Bíblia patriótica americana", ou seja, uma Bíblia King James 1611 com extras tais como o hino nacional dos EUA, principais artigos e emendas da Constituição dos EUA (justamente as que beneficiam os rednecks), dicas de como se alistar nas Forças Armadas dos EUA, enfim. Um símbolo dos atuais tempos por que os EUA vivem.
EDIT: poupei o trabalho de vcs. Para os alfabetizados em inglês:
EDIT 2: era óbvio que essa Bíblia do Trump teria de sair o olho da cara...