Isso deveria ter ocorrido muito antes do Governo Lula. Tivemos a janela ideal no final da década de 80. Nem que fosse algum marco regulatório simbólico ou genérico lá por 88/89. Isso teria evitado, posteriormente, a sublocação de horários. Talvez, hoje, tivéssemos mais redes religiosas e menos arrendamentos. Aliás, a ideia de locar toda a grade de programação de uma rede surgiu de Valdemiro Santiago no final dos anos 2000. Até lá as denominações religiosas locavam algumas horas na programação.
É mais ou menos o que ocorre em muitos países europeus: existem canais religiosos, mas eles devem ser geridos como fundações sem fins lucrativos. A Bibel TV da Alemanha, por exemplo, é mantida por "associados" que doam dinheiro para manter diretamente o canal e não a instituição religiosa por trás dela.
Nos EUA, por sua vez, as redes religiosas são mantidas diretamente por ministérios religiosos, mas existem restrições financeiras na operação dos canais de TV. Além disto, a parte operacional (estações, antenas, equipamentos) é vista de maneira puramente comercial e não como uma "missão divina".
Vou dar dois exemplos clássicos: a rede religiosa CBN (Christian Broadcast Network) criou um canal à cabo que mesclava conteúdo religioso e familiar chamado "The Family Channel" em 1981. Em 1992, eles venderam parte que lhes cabia e em 1997, o Pastor Pat Robertson vendeu as suas ações para a Fox. Mais recentemente, outra rede, a TBN (Trinitry Broadcast Network) alugou um subcanal das suas frequências para uma rede (Merit TV) com conteúdo true criminal.
