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Expert
Como as coisas não funcionam.
(História baseada em fatos reais)
Prólogo
As máquinas são projetadas para funcionarem de modo controlado e previsível, isto é: de uma única maneira. Defeitos ou disfunções (malfunction, em inglês) são todas as outras maneiras de funcionamento indesejáveis.
O croqui abaixo é um esquema simplificado de um circuito de campainha doméstica:
A corrente elétrica vem da concessionária distribuidora de energia .
Quando um visitante pressiona o botão B na porta da casa, fecha-se o circuito.
A energia, em forma de corrente elétrica, vem pelo fio vermelho, passa pela bobina da campainha C. Quando a corrente passa pela bobina, uma chapa de aço é atraída pela bobina, vibra e emite som pela casa.
A corrente passa pelo contato do botão B e retorna para a concessionária pelo fio azul. Lógico, passa também pelo relógio marcador de consumo.
Quando as coisas começam a não funcionar - Capítulo Um
Vem o tempo das Chuvas. Nenhuma tubulação enterrada ou isolação de fios elétricos é 100% à prova de infiltrações. A tubulação forma um depósito de água, em verde:
A água misturou-se com sais da terra. Esses sais conduzem eletricidade.
Pela fuga de corrente entre os fios azuis, a campainha começa tocar sozinha, notadamente nas madrugadas.
Solução de Engenharia - Capítulo Dois
Após o estudo, o eletricista chega à conclusão que, se isolar eletricamente o circuito imerso e baixar a tensão elétrica entre os fios, resolverá a situação. Assim faz. Introduz um transformador de isolação de 220 volts para 12 volts. Aplica um relé de 12 Volts no circuito secundário. Os contatos do relé acionarão a bobina da campainha, indiretamente. A estratégia funciona ! A campainha deixa de tocar de madrugada!
Capítulo 3 - O interruptor B deixa de funcionar.
Os contatos do interruptor da campainha foram projetados para operar com 220 V. Ao operar com 12 Volts, apesar da corrente ser mantida alta, os contatos não se limpam a cada acionamento da campainha. O interruptor começa a falhar. A campainha deixa de tocar.
Solução: Comprar um interruptor com contatos de prata. A campainha volta a funcionar!
Capítulo 4 - O espelho do interruptor se empena.
Apesar de muito bem construído, o espelho do novo interruptor é feito de plástico de baixa temperatura de fusão. Quem projetou o espelho não considerou que este fica ao ar livre e pode sofrer ação do sol. O botão do interruptor começa a roçar no espelho e trava quando pressionado.
Um belo dia, vem um motociclista aciona o botão da campainha. A moto está ligada e o motociclista está de capacete. A campainha dispara e ele não percebe.
O tempo que morador gasta para ir até o portão e desligar a campainha é suficiente para queimar a sua bobina, pois esses dispositivos foram projetados para operar por poucos segundos.
Epílogo
Troca-se o interruptor por outro mais robusto. Troca-se a campainha mais duas vezes: uma delas é própria para pequenos apartamentos e não tem volume sonoro suficiente para uso em casas térreas. (Nenhum fabricante indica a potência sonora de campainhas em dBA).
O morador é adepto à soluções ecológicas e é frontalmente contra o uso de campainhas movidas a pilha. Além de não saber quando a pilha do portão irá vazar, ele também não está disposto a contaminar lençóis freáticos por causa disso. Quem sabe um sino acionado por cordinha não seria a solução ideal?
Ah, o carteiro ainda sabe bater palmas?
(História baseada em fatos reais)
Prólogo
As máquinas são projetadas para funcionarem de modo controlado e previsível, isto é: de uma única maneira. Defeitos ou disfunções (malfunction, em inglês) são todas as outras maneiras de funcionamento indesejáveis.
O croqui abaixo é um esquema simplificado de um circuito de campainha doméstica:
A corrente elétrica vem da concessionária distribuidora de energia .
Quando um visitante pressiona o botão B na porta da casa, fecha-se o circuito.
A energia, em forma de corrente elétrica, vem pelo fio vermelho, passa pela bobina da campainha C. Quando a corrente passa pela bobina, uma chapa de aço é atraída pela bobina, vibra e emite som pela casa.
A corrente passa pelo contato do botão B e retorna para a concessionária pelo fio azul. Lógico, passa também pelo relógio marcador de consumo.
Quando as coisas começam a não funcionar - Capítulo Um
Vem o tempo das Chuvas. Nenhuma tubulação enterrada ou isolação de fios elétricos é 100% à prova de infiltrações. A tubulação forma um depósito de água, em verde:
A água misturou-se com sais da terra. Esses sais conduzem eletricidade.
Pela fuga de corrente entre os fios azuis, a campainha começa tocar sozinha, notadamente nas madrugadas.
Solução de Engenharia - Capítulo Dois
Após o estudo, o eletricista chega à conclusão que, se isolar eletricamente o circuito imerso e baixar a tensão elétrica entre os fios, resolverá a situação. Assim faz. Introduz um transformador de isolação de 220 volts para 12 volts. Aplica um relé de 12 Volts no circuito secundário. Os contatos do relé acionarão a bobina da campainha, indiretamente. A estratégia funciona ! A campainha deixa de tocar de madrugada!
Capítulo 3 - O interruptor B deixa de funcionar.
Os contatos do interruptor da campainha foram projetados para operar com 220 V. Ao operar com 12 Volts, apesar da corrente ser mantida alta, os contatos não se limpam a cada acionamento da campainha. O interruptor começa a falhar. A campainha deixa de tocar.
Solução: Comprar um interruptor com contatos de prata. A campainha volta a funcionar!
Capítulo 4 - O espelho do interruptor se empena.
Apesar de muito bem construído, o espelho do novo interruptor é feito de plástico de baixa temperatura de fusão. Quem projetou o espelho não considerou que este fica ao ar livre e pode sofrer ação do sol. O botão do interruptor começa a roçar no espelho e trava quando pressionado.
Um belo dia, vem um motociclista aciona o botão da campainha. A moto está ligada e o motociclista está de capacete. A campainha dispara e ele não percebe.
O tempo que morador gasta para ir até o portão e desligar a campainha é suficiente para queimar a sua bobina, pois esses dispositivos foram projetados para operar por poucos segundos.
Epílogo
Troca-se o interruptor por outro mais robusto. Troca-se a campainha mais duas vezes: uma delas é própria para pequenos apartamentos e não tem volume sonoro suficiente para uso em casas térreas. (Nenhum fabricante indica a potência sonora de campainhas em dBA).
O morador é adepto à soluções ecológicas e é frontalmente contra o uso de campainhas movidas a pilha. Além de não saber quando a pilha do portão irá vazar, ele também não está disposto a contaminar lençóis freáticos por causa disso. Quem sabe um sino acionado por cordinha não seria a solução ideal?
Ah, o carteiro ainda sabe bater palmas?