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Interferência em AM e FM

Membro conhecido
Oct
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Antes do Advento em massa do FM pelo Brasil, (lá pelos anos 1970) o AM reinava absoluto, exceto pela crescente concorrência da TV.

O televisor de cinescópio (tubo de imagem), além de concorrente, veio a ser a primeira séria fonte de interferências ao AM. Os TVs de tubo possuem um estágio de alta tensão por fonte "pulsada" ou "chaveada", popularmente conhecido com FBT - Fly Back Transformer. (Transformador de Alta Tensão por Força Contra-Eletromotriz).

À maneira que as cidades, o parque de receptores de TV e as interferências cresciam, as emissoras de AM aumentavam a potência para remediar o problema.

Com o advento do fabuloso FM e a queda contínua dos preços desses receptores, algumas coisas "estranhas" passaram a acontecer.

O FM, por suas ótimas propriedades, tinha como alvo a emissão de música em alta fidelidade. Mas, com o tempo, começou a invasão de programas falados nesta faixa. Com o aumento do interesse popular pelo FM, notou-se uma piora progressiva na qualidade dos receptores de AM, fabricados à partir de então. Muitos aparelhos de rádio da atualidade nem têm mais a faixa de AM.

Ok, para compensar esse inconveniente, o governo ampliou a Faixa de FM e está incentivando a migração das emissoras de AM para essa nova faixa estendida.

Todo mundo feliz?

Infelizmente, não. Os televisores de tubo estão sendo substituídos por LCD e derivados. Logo, a emissão de interferência de AM está reduzindo aos poucos. Porém, há um novo inimigo na praça: os modernos sistemas de iluminação.

As antigas lâmpadas de filamento, embora de baixíssimo rendimento, não emitiam nenhum tipo de interferência durante o funcionamento.

As lâmpadas fluorescentes de tubo instaladas em calhas ou de rosca, instaladas em soquetes emitiam interferência contra o combalido AM.

As lâmpadas LED, última palavra em economia, possuem um circuito eletrônico conhecido como PFC (power factor control), controle de fator de potência, empregado para reduzir as perdas nas linhas de transmissão de energia. Esse circuito tem um sério inconveniente: opera com largura e frequência de pulsação variáveis. Tal característica dá origem a uma interferência que afeta diretamente os receptores de FM!

Por uma ironia ou não, os receptores de AM toleram bem a interferência de lâmpadas de LED, além de, paulatinamente ficarem livres da interferência emitida pelos televisores de tubo.
 
Membro conhecido
Jun
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Na verdade o buraco é bem mais embaixo. Com o aumento de estações em FM, o alcance de todas elas vai diminuindo pois a quantidade de ruído na faixa como um todo aumenta. Há diversos casos de interferências entre rádios que a Anatel acabou alocando de forma muito próxima na mesma região (em Curitiba, temos a 95 FM de Piraquara em 95,7 e a Legendária FM da Lapa em 95,9. Já tivemos também 107,1 de Contenda, 107,3 de Rio Branco do Sul e 107,5 de Araucária, mas a estação em 107,3 entrou com processo e conseguiu ser remanejada para 102,9).

Infelizmente, o meio rádio está cada vez mais vítima de decisões equivocadas para alocar estações aonde não há viabilidade de fato para tal. Existem medidas, como as adotadas pela União Europeia, que melhorariam bastante essa situação, mas não vejo como seria possível a adoção de restrições tão rígidas de potência, volume de transmissão e consumo de banda em um país como o nosso. É muito difícil fiscalizar, sempre terá aquelas que descumprirão e causarão interferência.
 
Membro conhecido
Oct
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Muito bom, Chbaldo!

Outra fonte terrível de interferência do AM, que por obra e graça da Providência não se concretizou, foi a proposta da PLC - Power Line Communicatios, ou, trocado em miúdos, Internet Transportada pela Rede Elétrica. Utilizar esse conceito em caóticas redes urbanas seria um desastre. A PLC é utilizada com sucesso em linhas de alta tensão; por serem bem estruturadas, funcionam sem grandes problemas.

Outras fontes se interferência em AM, as quais paulatinamente estão saindo de cena, são as redes de distribuição de TV a Cabo Coaxial, as quais vem dando lugar para a TV a Cabo por Fibra Óptica.

Quanto ao projeto oficial da FM em Faixa Estendida, acredito que o uso de Modulação em Banda Estreita (FM Narowband) seria uma solução adequada para emissoras que se dedicam apenas à programação falada. As interferências se reduziriam e o alcance aumentaria, sem o uso de transmissores potentes.
 
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Membro conhecido
Jun
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Não vejo que precisaria ser tão radical ao ponto de usar FM Narrowband, até porque isso iria quebrar a compatibilidade com os receptores que já estão no mercado. O que poderia ser feito é a adoção de restrições como apenas transmissão em mono ou em estéreo SSB, ou algo parecido com o que é feito na Europa mesmo (Stokkemask, recomendação ITU-R SM.1268) para limitar o uso de banda.

Se fosse para quebrar compatibilidade e criar um padrão novo, poderia muito bem ser usado a modulação em AM mesmo na faixa de FM estendido. Quem tem receptor de banda aérea e costuma ouvir conversas de avião com torre de controle sabe que a fidelidade é muito próxima ao FM mono mas ocupando bem menos espaço no espectro.
 
Membro conhecido
Mar
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Algumas lâmpadas de LED são verdadeiros jammers e impedem a recepção de FM exceto dos sinais locais, eu tenho o azar de morar ao lado de uma loja que trocou toda a iluminação enquanto estava fechada na pandemia em 2020, e pra ouvir rádios que sempre pegavam bem (Educadora e Antena 1 de Campinas ou Dumont de Jundiaí), agora só depois das 18h.
 
Membro conhecido
Jun
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Isso é fato. Quanto mais barata é a lâmpada, mais ela suja o espectro. Aqui uso lâmpadas Philips que são as mais quietas nesse aspecto, mas como algumas das minhas são dimerizáveis é possível ouvir ruídos gerados por elas assim que o dimmer é acionado. É uma pena, em nome da eficiência energética estamos tornando o dexismo cada vez mais difícil.
 
Membro conhecido
Oct
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Não vejo que precisaria ser tão radical ao ponto de usar FM Narrowband, até porque isso iria quebrar a compatibilidade com os receptores que já estão no mercado. O que poderia ser feito é a adoção de restrições como apenas transmissão em mono ou em estéreo SSB, ou algo parecido com o que é feito na Europa mesmo (Stokkemask, recomendação ITU-R SM.1268) para limitar o uso de banda.

Se fosse para quebrar compatibilidade e criar um padrão novo, poderia muito bem ser usado a modulação em AM mesmo na faixa de FM estendido. Quem tem receptor de banda aérea e costuma ouvir conversas de avião com torre de controle sabe que a fidelidade é muito próxima ao FM mono mas ocupando bem menos espaço no espectro.
O sistema FM narrowband pode ser ouvido em qualquer receptor FM comercial, embora com volume mais baixo.
É possível alocar um número maior emissoras narrowband dentro de canal de FM normal com baixo risco de mistura, pois o efeito de "relação de captura" dos receptores são capazes selecionar a emissora desejada e de suprimir as emissoras adjacentes.
 
Membro conhecido
Jun
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Esse efeito de relação de captura que você cita só funciona bem caso os sinais possuam intensidade similar. Existindo alguma diferença entre ambos, o mais forte sempre acaba sujando o mais fraco por melhor que seja o receptor. No caso de FM Narrowband, imagino que os resultados seriam ainda piores pois os receptores não foram feitos para tais sinais. Poder ser ouvido é uma coisa, ser de fato compatível é algo bem diferente.

Vejamos por exemplo as emissões em SSB de radioamador. É possível ouvi-las em equipamento sem SSB, mas os resultados variam muito. Com sinal forte, é até possível deslocar a frequência de recepção e conseguir compreender o que está sendo dito. Porém, na grande maioria dos casos, a falta do SSB deixa o sinal audível mas não inteligível. Como você mesmo disse, pode ser ouvido, mas não é compatível.
 
Membro conhecido
Oct
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Esse efeito de relação de captura que você cita só funciona bem caso os sinais possuam intensidade similar. Existindo alguma diferença entre ambos, o mais forte sempre acaba sujando o mais fraco por melhor que seja o receptor. No caso de FM Narrowband, imagino que os resultados seriam ainda piores pois os receptores não foram feitos para tais sinais. Poder ser ouvido é uma coisa, ser de fato compatível é algo bem diferente.

Vejamos por exemplo as emissões em SSB de radioamador. É possível ouvi-las em equipamento sem SSB, mas os resultados variam muito. Com sinal forte, é até possível deslocar a frequência de recepção e conseguir compreender o que está sendo dito. Porém, na grande maioria dos casos, a falta do SSB deixa o sinal audível mas não inteligível. Como você mesmo disse, pode ser ouvido, mas não é compatível.
Correto colega.
Você tem razão, é possível que aconteça alguns problemas com a adoção do FM narrowband.

Mas há dois sérios problemas com o projeto de migração das emissoras AM para a nova faixa de FM:

1 - Nem todos os receptores de FM atuais contam com a faixa estendida. No passado, alguns modelos eram capazes de capturar o som da TV analógica dos canais 4, 5 e 6 (curiosamente, em FM narrowband);

2 - Telefones celulares e smartphones podem ter ou não as opções de recepção de FM na faixa americana, japonesa ou ambas. Essas características são definidas em função do mercado mundial, não necessariamente brasileiro.
 
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