Lula inaugura rádio em reduto bolsonarista e gera polêmica em Rio Verde

Nova emissora da EBC com apoio da UniRV causa debate sobre ideologia​




Rio Verde, cidade do interior de Goiás conhecida por seu forte conservadorismo e apoio declarado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi palco de um acontecimento inusitado nesta semana: a inauguração de uma rádio pública ligada ao governo do presidente Lula.

A nova emissora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) entrou no ar nesta quarta-feira (10), com operação conduzida pela Universidade de Rio Verde (UniRV).

A frequência 87,1 MHz, situada na banda estendida do FM, foi a escolhida para transmitir conteúdos da Rádio Nacional, além de programações locais que ainda serão produzidas por estudantes e servidores da universidade.

O projeto integra a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), promovida em parceria com o Ministério das Comunicações e o Ministério da Educação, e tem como foco ampliar a presença de rádios universitárias com perfil educativo em todo o país.

Mas a chegada dessa emissora ao coração de um reduto bolsonarista provocou reações imediatas.

Rio Verde é frequentemente apontada como símbolo do agronegócio e do eleitorado de direita no Centro-Oeste. O lançamento de uma rádio com conteúdos informativos e institucionais ligados à atual gestão federal — comandada pelo PT — causou surpresa e levantou questionamentos.

A iniciativa é financiada totalmente com recursos próprios da UniRV, algo que causou ainda mais polêmica entre parte da população e da classe política local.

Além do viés político envolvido, um detalhe técnico reforça as dúvidas sobre o investimento: a frequência 87,1 MHz está fora do alcance da maioria dos rádios tradicionais ainda em circulação no país.

Para sintonizar, muitos moradores terão que adquirir equipamentos compatíveis ou recorrer a plataformas digitais.

Uma rádio que quase ninguém ouve?​


A escolha da frequência e o tipo de conteúdo previsto — com forte carga institucional, cultural e educativa — levam a perguntas legítimas:
  • A população de Rio Verde realmente terá acesso à nova rádio?
  • O conteúdo será atrativo para um público que historicamente rejeita ideias da esquerda?
  • Valeu a pena o gasto feito pela universidade?

Segundo a própria EBC, o objetivo é ampliar o acesso à comunicação pública e à pluralidade de ideias. No entanto, críticos locais enxergam o projeto como uma tentativa de inserir uma "narrativa governista" num ambiente historicamente resistente ao discurso petista.

O que a rádio vai transmitir?​


Inicialmente, a nova emissora retransmitirá a programação da Rádio Nacional, da EBC. Essa programação inclui:
  • Notícias institucionais sobre ações do Governo Federal
  • Programas culturais e educativos
  • Conteúdos jornalísticos e musicais
  • Debates sobre temas sociais e acadêmicos

Mais adiante, a proposta é incorporar produções locais da UniRV, feitas por alunos e professores.

A UniRV é, até o momento, a única universidade municipal a integrar o plano nacional da RNCP. Isso a coloca como uma peça estratégica do projeto de Lula para expandir o alcance da comunicação pública em nível nacional.

Por outro lado, esse pioneirismo também pode isolar a instituição diante de sua comunidade local. Caso a rádio não atinja relevância entre os moradores — seja por barreiras técnicas, seja por falta de identificação ideológica — o projeto corre o risco de se tornar apenas simbólico.

Com um custo elevado e uma audiência potencialmente restrita, o projeto levanta uma questão: a nova rádio da EBC vai transformar a comunicação regional ou será apenas uma vitrine política do Governo Federal?

Enquanto apoiadores defendem a iniciativa como uma forma de democratizar a informação e ampliar oportunidades educativas, críticos argumentam que o investimento não dialoga com a realidade da cidade e pode acabar ignorado por grande parte da população.
Sobre o autor
Tenho experiência em matérias jornalísticas sobre entretenimento e tecnologia, trabalhando em diversos portais de notícias desde 2008.

Comentários

Com esse LIXO de presidente, essa rádio da EBC só fará propaganda pessoal para o mesmo.

Mas, com a possível cassação da chapa via TSE graças ao showmício realizado em 2022 (Gilmar Mendes virou a chave e mandou ir atrás de deputados aliados do PT no Ceará por causa das emendas, o que indica que não haverá resistência no STF ou no TSE a uma eventual cassação da chapa do inominável), podemos ter alguma mudança positiva na EBC com um eventual substituto.​