O aguardado filme com Joaquin Phoenix e Lady Gaga mistura música e loucura, mas será que isso faz dele um musical?
Desde que "Coringa: Delírio a Dois" foi anunciado, o mistério sobre seu gênero paira sobre os fãs. Seria este o primeiro grande musical focado no icônico vilão dos quadrinhos? A dúvida persistiu até a estreia, quando críticos e o público finalmente puderam conferir a obra dirigida por Todd Phillips. Agora, a pergunta é: o filme é ou não um musical? E mais importante: ele é bom?
Elementos de musical, mas não exatamente um musical
Um dos maiores pontos de discussão é a maneira como a música é usada no filme. Desde os primeiros minutos, vemos referências a grandes musicais clássicos como "A Roda da Fortuna" e "Sweet Charity", sugerindo que a produção seguiria a tradição desses filmes.No entanto, a trama vai por um caminho diferente, incorporando as músicas mais como parte dos delírios de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), o protagonista, do que como números musicais tradicionais.
Embora Lady Gaga e Phoenix cantem em várias cenas, essas músicas servem para amplificar as emoções dos personagens, especialmente quando as palavras não são suficientes. Segundo a própria Lady Gaga, "não considero 'Coringa: Delírio a Dois' um musical".
As canções são mais uma extensão das emoções, algo que vai além do diálogo, ortanto, se você espera um musical tradicional com grandes números de dança, pode sair desapontado.
A visão do diretor
Todd Phillips, que já havia mostrado o lado mais emocional de Arthur no primeiro filme, explicou que a música sempre esteve dentro do personagem. "No primeiro filme, Arthur dança em momentos de solidão. Na sequência, isso evolui para uma forma de expressão mais elaborada", comentou o diretor.Portanto, em "Coringa: Delírio a Dois", as canções ajudam a construir essa narrativa de delírios e romantismo entre Arthur e Harley Quinn (Lady Gaga), mas sem seguir o padrão típico de musicais.
Uma experiência única, mas dividida
A resposta à questão "é um musical?" pode ser subjetiva. O filme utiliza a música de forma inovadora, mas não se entrega completamente ao gênero. Em alguns momentos, parece abraçar o formato, especialmente com referências a clássicos do cinema musical, mas no geral, as canções funcionam mais como uma ferramenta dramática do que como peças centrais da narrativa. Muitos críticos, como o Deadline, elogiaram essa ousadia, descrevendo o filme como um "musical como nenhum outro".Já outras críticas foram menos gentis. O IGN, por exemplo, criticou o potencial não realizado do filme, que começa com uma promessa inovadora, mas acaba se perdendo em um enredo mais focado no drama judicial do que na música. Da mesma forma, a Variety destacou que o diretor jogou de forma segura, evitando qualquer ruptura real com a fórmula do primeiro filme.
O veredito: um musical ou não?
Com números musicais espalhados ao longo da trama, "Coringa: Delírio a Dois" pode ser considerado um filme híbrido — uma obra que flerta com o gênero musical, mas que, no fundo, permanece um drama psicológico, apesar da maior parte do tempo ser música.Se "Coringa: Delírio a Dois" é bom ou não, vai depender do que você procura. Como musical, ele desafia as convenções e divide opiniões. Como drama, continua a saga de Arthur Fleck de maneira interessante, mas sem a mesma força disruptiva do primeiro filme.
Pontos principais do filme:
- Músicas: Grande parte das canções surge dos delírios de Arthur Fleck, e não como números tradicionais.
- Referências: O filme faz homenagens a clássicos como "A Roda da Fortuna" e "Sweet Charity", mas não adota totalmente esse estilo.
- Críticas divididas: Enquanto alguns apreciam a ousadia de misturar gêneros, outros criticam o potencial não realizado da produção.