Plataforma X, de Elon Musk, utilizou a Cloudflare para escapar de bloqueios da Anatel
Após duas semanas de bloqueio imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a plataforma X, antiga Twitter, voltou a ser acessada no Brasil.
A recuperação do serviço foi possível graças ao uso de uma tecnologia fornecida pela Cloudflare, uma empresa americana especializada em proteger servidores contra ataques cibernéticos e ocultar endereços IP.
A estratégia permitiu que o X, comandado pelo bilionário Elon Musk, contornasse as tentativas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de restringir seu funcionamento no país.
A decisão de suspender a rede social foi emitida pelo ministro Alexandre de Moraes em 30 de agosto, após o X descumprir uma ordem judicial. No entanto, desde o dia 18 de setembro, usuários brasileiros já conseguem acessar a plataforma, indicando que as medidas de bloqueio adotadas pelos provedores de internet foram frustradas.
Como a Cloudflare protegeu o X?
A Cloudflare, que opera em mais de 120 países e tem presença em 330 cidades, oferece um serviço conhecido como proxy reverso. Esse mecanismo atua como um intermediário entre os usuários e os servidores da rede social, ocultando o endereço IP real da plataforma.
Essa proteção não apenas impede ataques cibernéticos, mas também dificulta que os provedores de internet localizem e bloqueiem o site.
Pedro Diógenes, diretor técnico da CLM, explica que a Cloudflare funciona como um "escudo digital" que organiza o tráfego de dados e mantém o servidor oculto.
“O proxy reverso bloqueia tentativas de ataque e impede a identificação do IP verdadeiro, o que frustra as ações de bloqueio dos provedores", destaca Diógenes.
Essa estratégia tornou-se um desafio para a Anatel, que depende de cada provedor de internet para executar a suspensão da plataforma.
Com mais de 11 mil provedores de banda larga homologados no Brasil, a ação coordenada para bloquear o acesso ao X se tornou inviável devido à tecnologia de proteção adotada pela rede social.
Anatel está investigando
Apesar do retorno do X, a Anatel informou que a decisão de bloqueio permanece válida. A agência está analisando os casos em que usuários conseguiram acessar a plataforma e estuda novas formas de garantir o cumprimento da ordem judicial. Fabro Steibel, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio), destacou que o bloqueio completo de um site é uma tarefa complexa na internet. “É como tentar bloquear contas financeiras, mas não encontrar mais dinheiro no banco”, comparou Steibel, ressaltando a dificuldade de impedir completamente o acesso a plataformas como o X.